A energia produzida pelas usinas hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau (com potência total de cerca de 6500 MW) será transportada por um sistema de transmissão composto por dois bipolos da corrente contínua em ± 600 kV, que cobrem uma distância de 2.375 km até São Paulo, e duas conversoras back-to-back, de 2 x 400 MW, instaladas em Porto Velho para o suprimento local.

O projeto incorporou novas tecnologias, tanto na geração, com a utilização de turbinas do tipo bulbo, como nas estações conversoras back-to-back, que empregam a tecnologia CCC (Capacitor Commutated Converter).

A integração ao SIN das primeiras unidades geradoras da usina de Santo Antônio ocorreu em março de 2012, através de um transformador 525/230 kV – 465 MVA e com um sistema de transmissão incompleto, ou seja, com apenas um dos três circuitos de 230 kV planejados para o sistema Acre–Rondônia. Assim, foi necessário adotar diversas medidas operativas que permitiram explorar com segurança a energia gerada na usina de Santo Antônio, reduzindo a dependência da geração térmica local e aumentando a flexibilidade operativa.

A entrada em operação da estação conversora back-to-back ocorreu no segundo semestre de 2012, propiciando maior confiabilidade tanto para o sistema Acre – Rondônia como para a usina de Santo Antônio.

Os estudos referentes à conversora back-to-back exigiram esforço conjunto do Operador e dos Agentes envolvidos, pois o equipamento foi projetado considerando os três circuitos de 230 kV planejados para o Acre–Rondônia. A solução tecnológica encontrada foi manter em operação o transformador utilizado para a conexão das primeiras unidades da usina de Santo Antônio. A operação de um sistema de corrente contínua em paralelo com um sistema de corrente alternada representou um marco tecnológico para o Operador, pois essa operação é inédita no mundo.

O ano de 2012 registra o início de implantação do Simulador de Sistemas de Transmissão em Corrente Contínua nas instalações do ONS. Essa ferramenta simula o comportamento do sistema de potência em escala real de tempo e é constituída de vinte e três cubículos correspondentes a: um equipamento central - o RTDS - e réplicas dos módulos de controle e proteção associados aos conversores do Bipolo I, Bipolo II e conexão back-to-back, instalados nas SEs Araraquara e Porto Velho do sistema de transmissão do Rio Madeira. A disponibilidade dessa ferramenta permite ao Operador avaliar o desempenho de tais controladores aos mais variados eventos que possam ocorrer nas redes CA e CC simuladas em RTDS, antecipando-se às consequências desses distúrbios para o sistema real.

A próxima etapa do projeto é escoar a energia gerada nas usinas de Santo Antônio e Jirau para a região Sudeste, através sistema de transmissão composto por um bipolo de corrente contínua em ± 600 kV. Essa operação está prevista para o primeiro semestre de 2013, tendo como principal desafio a operação com um número reduzido de unidades geradoras no Complexo do Madeira e a concepção de ações complementares de controle e proteção sistêmica.