A Operação Elétrica

Horizonte de Médio Prazo

O processo de planejamento da operação elétrica, no contexto do ciclo anual de planejamento da operação em 2011, resultou em dois produtos básicos. O Planejamento da Operação Elétrica de Médio Prazo, PEL 2012/2013, apresenta as avaliações do desempenho elétrico do SIN para o período compreendido entre os meses de janeiro de 2012 e abril de 2013. O segundo produto é composto pelos Estudos Elétricos Quadrimestrais (QEL), que detalham, a cada quadrimestre do ano em curso, as medidas operativas para que a operação atenda aos padrões e critérios estabelecidos nos Procedimentos de Rede, de forma a compatibilizar as restrições elétricas e o atendimento à carga com as políticas energéticas, visando ao menor custo da operação e à máxima segurança operativa do SIN.

As avaliações realizadas têm como referência as previsões de carga informadas pelos agentes e consolidadas pelo ONS, bem como o programa de obras apresentado no Plano de Ampliações e Reforços da Rede Básica (PAR) para o período 2011/2013 e no trabalho de Consolidação das Obras de Rede Básica para o Período 2011/2013, que considera as datas atualizadas pelo Departamento de Monitoramento do Setor Elétrico (DMSE/MME) para os cronogramas das obras de transmissão e geração autorizadas pela ANEEL.

Os estudos do PEL 2012/2013 foram desenvolvidos para avaliar principalmente o desempenho das interligações regionais, a necessidade de geração térmica decorrente de restrições na transmissão e o atendimento às áreas elétricas do SIN.

A partir dessas avaliações, destacam-se como principais resultados dos estudos do PEL 2012/2013: propostas de adequação do cronograma das obras programadas às necessidades do SIN; soluções operativas, como a implantação de Sistemas Especiais de Proteção (SEP) e a mudança de topologia da rede; além de estratégias operativas que serão utilizadas na operação eletroenergética do SIN neste horizonte. Em 2011, em paralelo com os estudos do PEL e do QEL, o ONS realizou análises com foco específico no suprimento a alguns estados, por meio de Grupos de Trabalho específicos cujos resultados foram abordados no item 2.1.2.

O ponto de destaque neste ciclo anual de planejamento da operação elétrica foi a integração dos processos de elaboração dos estudos do PAR e do PEL, que ocorreu pela primeira vez em 2011. Essa integração de processos trouxe uma nova forma de abordar os horizontes dos estudos do ONS, por meio da qual foi possível racionalizar os esforços das equipes técnicas e obter uma melhor adequação dos horizontes aos prazos para implantação das recomendações resultantes de cada estudo. Além disso, para os agentes, houve um aprimoramento de sua interação com o ONS, uma vez que a tarefa de fornecimento de dados para os estudos do PAR e do PEL passou a ser realizada de uma única vez. A integração desses processos resultou na eliminação de zonas de sombras, produtos mais concisos e resultados e recomendações mais robustos.

Além de subsidiar os estudos elétricos de curto prazo com horizonte mensal no âmbito da Programação da Operação, os estudos quadrimestrais avaliam o desempenho dos Sistemas Especiais de Proteção em operação, indicando a necessidade de revisão ou desativação dos existentes e a instalação de novos SEPs; definem a necessidade de geração térmica por restrições elétricas, bem como os limites de transmissão nas interligações regionais e para as áreas geolétricas. O QEL também subsidia a elaboração das instruções de operação utilizadas pelo ONS para o cumprimento de suas atribuições de coordenação da operação do SIN em tempo real.

Os resultados do Planejamento Anual da Operação Elétrica de 2011 também subsidiaram a participação do ONS nos grupos de trabalho e forças-tarefa que tratam do suprimento de energia as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, cujos resultados foram abordados no item 2.1.4.

Quanto aos aspectos relacionados com a segurança elétrica operacional, o ONS tem coordenado diversas ações, em conjunto com os agentes de transmissão, geração e distribuição, de modo a diagnosticar as principais fragilidades do SIN e indicar as providências que devem ser tomadas com o objetivo de revitalizar as instalações existentes, adequando-as aos padrões de segurança estabelecidos nos Procedimentos de Rede.

Através da Resolução Normativa nº 443, de 26/07/2011, a ANEEL estabeleceu uma nova sistemática a ser adotada pelo ONS e pelos Agentes para a elaboração do Plano de Modernização de Instalações (PMI), o qual deverá ser encaminhado anualmente à agência reguladora. Este Plano indica as obras de revitalizações e as melhorias necessárias para manter adequada a prestação do serviço pelas concessionárias de transmissão. Adicionalmente ao conjunto de obras de melhorias em instalações sob responsabilidade das concessionárias de transmissão, o PMI também relaciona as intervenções de melhorias e reforços que devem ser implementadas pelas concessionárias ou permissionárias de distribuição, e concessionárias ou autorizadas de geração. Nesse novo formato de trabalho, os reforços das transmissoras passaram a ser consolidados no Plano de Ampliações e Reforços (PAR).

O PMI elaborado em 2011 contempla o período compreendido entre 2011 e 2014 e recomenda a implantação de 232 revitalizações, com algumas instalações de pequeno porte, sendo 202 para as empresas de transmissão, 25 para as empresas de distribuição e cinco para as empresas de geração.

Horizonte de Curto Prazo

Ao longo de 2011, o ONS desenvolveu estudos e implantou medidas conjunturais que possibilitaram operar a rede elétrica em conformidade com os critérios de continuidade, confiabilidade e qualidade de suprimento estabelecidos nos Procedimentos de Rede, conforme destacado a seguir.

A entrada em operação da linha de transmissão 525 kV Foz do Iguaçu-Cascavel Oeste em dezembro aumentou a capacidade de transferência de energia entre os subsistemas Sudeste e Sul, bem como permitiu ampliar a utilização da geração em 60 Hz da usina de Itaipu para o atendimento da demanda do SIN.

Dentre os estudos realizados, destacam-se:

  • A implantação e o acompanhamento do desempenho de esquemas de religamento automático de linhas de transmissão do SIN, de forma a garantir a continuidade do serviço com aumento da confiabilidade.
  • A otimização dos sistemas de controle de geradores, para assegurar o adequado amortecimento das oscilações eletromecânicas e evitar a perda de sincronismo na ocorrência de perturbações.
  • A calibração dos Sistemas Especiais de Proteção, de modo a garantir a segurança operativa do SIN, mesmo na ocorrência de contingências múltiplas.
  • A definição de novos corredores de recomposição fluente do SIN, bem como a atualização dos existentes, de modo a acelerar a normalização do suprimento após perturbações.

Dentre os resultados obtidos, destaca-se a viabilização do atendimento a cargas prioritárias no centro da cidade de São Paulo nos processos de recomposição do sistema, em função da revisão do corredor fluente da usina hidroelétrica de Luiz Carlos Barreto.

As medidas operativas conjunturais adotadas tiveram como objetivo evitar condições inaceitáveis em regime normal de operação, bem como reduzir os impactos da ocorrência de emergências.

Por exemplo, a abertura do barramento de 230 kV da subestação Aimorés permitiu reduzir sobrecargas nos equipamentos da rede de transmissão em 138 kV da Escelsa e também minimizar vertimentos na usina hidrelétrica Aimorés, evitando o alagamento de áreas a jusante, com risco para a população ribeirinha.

Outro exemplo dessas medidas aconteceu no estado de Goiás. A elevação da carga em decorrência de altas temperaturas, simultaneamente à indisponibilidade de um dos transformadores da subestação Bandeirantes, que atende grande parte da carga do estado, resultou em sobrecarga na transformação em regime normal, sendo necessário despacho térmico de alto custo para seu controle. Nesta situação, o ONS determinou a abertura do barramento de 230 kV da subestação Cachoeira Dourada, direcionando grande parte da geração de Cachoeira Dourada para o atendimento das cargas de Goiás, aliviando a transformação de Bandeirantes e minimizando ou eliminando a necessidade de despacho térmico.

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