Evolução dos Processos e Aprimoramentos Metodológicos

O ONS promove o constante aperfeiçoamento das metodologias, critérios e modelos computacionais utilizados no planejamento e na programação da operação, inclusive através das atividades desenvolvidas no âmbito do Grupo de Trabalho de Aperfeiçoamento de Modelos e Evolução Metodológica do Planejamento e Programação da Operação e Cálculo do Preço de Liquidação das Diferenças (GT2), com a coordenação conjunta da CCEE.

Quanto ao processo de aperfeiçoamento dos modelos relativos à operação energética, um dos temas que vem merecendo atenção especial do ONS é a redução da volatilidade do custo marginal de operação (CMO) e, consequentemente, do preço de liquidação das diferenças (PLD). Esse assunto vem sendo tratado no âmbito do  GT2/CPAMP e envolve ações de curto e médio prazos. Para aplicação no curto prazo, estão sendo estudadas medidas para a atenuação das variações semanais de afluências através da busca da combinação das previsões semanais com a previsão mensal. Quanto às soluções de médio prazo, as ações estão direcionadas para a amostragem seletiva de cenários, estudo conduzido na FT-Newave, que está em processo de validação, com conclusão prevista para junho de 2010, e para a reamostragem da árvore de cenários para abranger um conjunto maior de estados, com término previsto para o final do segundo semestre de 2010.

Outro tema que vem sendo tratado no âmbito da Comissão CPAMP, com a participação efetiva do ONS, refere-se aos estudos que buscam reduzir os riscos à exposição da diferença de preços entre submercados, que é fator inibidor da expansão da oferta no ambiente de contratação livre (ACL). Essa ação vem sendo analisada com profundidade, tendo em vista que a redução do número de submercados reduz o risco de exposição  à diferença de preços para os agentes participantes do ACL, mas aumenta os encargos de serviço do sistema. O ONS propôs que seria recomendável a avaliação de mecanismos de mitigação, envolvendo a regulação econômica, de tal forma que seja incentivada a expansão da oferta no ACL, sem que haja necessariamente a redução no número de submercados.

Para subsidiar o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico - CMSE no acompanhamento e avaliação permanente da continuidade e da segurança do suprimento elétrico e energético do SIN, foi concluída pelo ONS, em 2009, a metodologia para cálculo dos Indicadores de Segurança, aperfeiçoada a partir de sugestões dos agentes e associações apresentadas no âmbito do Grupo de Trabalho de Metodologias e Procedimentos de Apoio à Decisão – GT1, do CMSE. Em 2010, trabalhar-se-á para a sua regulamentação, após a aprovação no âmbito do CMSE, para aplicação no decorrer desse ano. Os Indicadores de Segurança propostos baseiam-se em elementos de referência, como o Nível Meta, o Nível Mínimo de Segurança, a Curva de Aversão a Risco e a Curva Crítica de Operação. O posicionamento do estoque de energia em relação a esses elementos de referência permite definir condições de atendimento normal, de alerta e de alarme, no médio prazo, dotando o CMSE de um instrumento para a definição de medidas a serem tomadas de acordo com a severidade da situação.  

Como parte do processo contínuo de aprimoramento das ferramentas de suporte ao planejamento e programação energética, foram também concluídos os estudos de aplicação do modelo SMAP – Soil Moisture Accounting Procedure – para a bacia do rio Grande, abrangendo desde a usina de Camargos até a usina de Porto Colômbia. A previsão de vazões para este conjunto de aproveitamentos hidroelétricos representa cerca de 20% da Energia Natural Afluente ao subsistema SE/CO. Com a implantação operacional do SMAP na bacia do rio Grande, ocorrida no Programa Mensal de Operação do mês de outubro, a cobertura com modelos do tipo chuva-vazão alcançou a marca de 32% da ENA do SE/CO. Na região Sul, os modelos chuva-vazão já são responsáveis pela previsão de 90% da ENA desta região. Na bacia do rio São Francisco, foi concluído o desenvolvimento de aplicação do modelo Neuro3M, baseado em técnica de redes neurais, para o aproveitamento de Três Marias. Este estudo de modelagem chuva-vazão foi encaminhado ao final do ano para a ANEEL, tendo em vista a autorização de sua implantação de forma operacional.

No âmbito do planejamento e operação de controle de cheias destacou-se a implantação da nova caracterização de situação no controle de cheias, em conformidade com a revisão dos Procedimentos de Rede. Esta nova caracterização incluiu as situações de atenção e alerta para aprimorar os procedimentos em situação de cheia, inclusive em relação às atribuições do ONS e dos agentes de geração. No final do ano, os elevados armazenamentos verificados nos reservatórios da bacia do rio Paraná e a previsão de anomalias positivas de precipitação devido à ocorrência do fenômeno climático El Niño conduziram à adoção, em caráter preliminar, do cenário hidrológico úmido para a alocação de volumes de espera desta bacia. Esta medida assegurou melhores condições para a proteção contra inundações a jusante dos aproveitamentos da bacia.

Com relação às ferramentas de avaliação de segurança operativa, houve em 2009 avanços significativos na utilização do programa Organon nos ambientes de planejamento e programação da operação e na operação em tempo real, tendo sido estabelecido um plano de ação definindo etapas de evolução para a efetiva utilização da região de segurança nos processos de planejamento e programação da operação.  Através do uso do estimador de estado em tempo real, foi concluída com sucesso em 2009 a operacionalização de pelo menos uma região de segurança dinâmica do programa Organon para cada um dos cinco Centros de Operação do ONS, incluindo a recém-integrada área Acre–Rondônia. Tendo como base os resultados obtidos com o uso do modelo no ano anterior, foram também obtidas nesse ano melhorias na modelagem dinâmica e na qualidade da representação da rede elétrica.

  • © 2009 ONS - Todos os direitos reservados