Resumo da Operação em 2010
A GARANTIA DO ATENDIMENTO ENERGÉTICO
Com relação à operação eletroenergética do SIN, cabe destacar a heterogeneidade das afluências observadas em 2010 nos subsistemas que compõem o SIN. Enquanto a região Sul apresentou elevada média anual, da ordem de 141% da média histórica e significativa variabilidade ao longo do ano, com afluências de 50 a 300% da média, as regiões Norte e Nordeste tiveram afluências abaixo da média, da ordem de 86% e 62% da média histórica, respectivamente, com períodos secos extremamente desfavoráveis. Na região Sudeste a média anual das afluências foi de 104% da média histórica, com valores relativamente estáveis ao longo do ano.
Na aplicação dos Procedimentos Operativos de Curto Prazo – POCP durante este ano foi identificada a necessidade de despacho térmico complementar a gás na região SE/CO, a partir de maio, e na região NE, a partir de julho.
Com base na previsão climática elaborada em setembro pelo CPTEC/INPE e pelo INMET, foi apontada a expectativa de atraso do início do período úmido das regiões SE/CO, N e NE, devido à configuração do fenômeno La Niña, corroborando estudos preliminares feitos pelo ONS. Estudos prospectivos realizados a partir deste cenário hidrológico desfavorável sinalizaram que o armazenamento da região Nordeste não deveria atingir o Nível Meta estabelecido para o final do mês de novembro.
Diante deste contexto, o ONS, visando à preservação da segurança ao menor custo, propôs ao CMSE uma política operativa diferenciada em caso de não atingimento do Nível Meta na região Nordeste ao final de novembro. Essa política de operação consistia em se efetuar o despacho de geração térmica a gás, de menor custo de operação, nos meses subseqüentes ao mês de novembro de forma a compensar o afastamento entre o nível de armazenamento observado e o Nível Meta em 30/11, evitando-se o despacho de geração térmica a óleo, de custo significativamente mais elevado. Essa geração térmica seria mantida, restabelecendo os níveis de segurança, caso a evolução das condições hidroenergéticas não fosse suficiente para compensar a referida diferença de armazenamento.
Em dezembro, teve início então, a compensação com geração térmica a gás a fim de recuperar o armazenamento na região Nordeste. Entretanto, ainda no decorrer deste mês, em razão da recuperação das condições de afluência nesta região, esta compensação foi interrompida, conforme decisão do CMSE.
A energia armazenada nos reservatórios da região SE/CO atingiu, ao final de dezembro, 44,7% do armazenamento máximo. Na região Nordeste, o armazenamento alcançou 45,2% no final do ano. Esses valores são inferiores em 27,9% e 20,3%, respectivamente, aos armazenamentos verificados ao final de 2009.
Como nos anos anteriores, houve oportunidade em 2010 para a integração energética com os sistemas elétricos do Uruguai e da Argentina, tendo sido efetivada a exportação de energia para estes países, com recursos de origem térmica não utilizados para atender aos requisitos do SIN.
A segurança operativa da rede elétrica
Ao longo de 2010, o ONS desenvolveu estudos e implantou medidas que possibilitaram a operação da rede elétrica em conformidade com os critérios de continuidade, confiabilidade e qualidade de suprimento estabelecidos nos Procedimentos de Rede. Dentre os trabalhos realizados, merecem destaque os seguintes:
- A ativação de diversos religamentos automáticos de linhas de transmissão do SIN, de forma a garantir a continuidade de serviço com aumento da confiabilidade. Destaca-se a ativação do religamento automático da interligação Acre-Rondônia, cuja taxa de sucesso foi muito satisfatória;
- A concepção da utilização da chamada “House Load Operation” para aplicação nas usinas termonucleares de Angra dos Reis, evitando-se a sua parada total quando de distúrbios de maior gravidade, permitindo uma recomposição significativamente mais rápida.
Foram desenvolvidos trabalhos para otimizar os sistemas de controle de geradores, do ponto de vista sistêmico, com o objetivo de assegurar o adequado amortecimento das oscilações eletromecânicas, com vistas a evitar a perda de sincronismo quando de perturbações.
O SIN é dimensionado segundo o critério de segurança N-1, ou seja, mesmo com a perda de qualquer elemento (contingência simples), o sistema deve ser capaz de permanecer operando sem interrupção do fornecimento de energia, perda de estabilidade do sistema, violação de padrões de grandezas elétricas (freqüência, tensão, dentro da faixa operativa) e sem atingir limites de sobrecarga de equipamentos e instalações. Entretanto, a operação do sistema está sujeita a contingências múltiplas. A ação adequada dos SEPs, associada ao bom desempenho dos sistemas de controle, garantiram a segurança operativa do SIN.
Com o objetivo de acelerar a normalização do suprimento após perturbações, foram definidos novos corredores de recomposição fluente do SIN, ou mesmo atualizados os existentes, com o objetivo de reduzir ao máximo o tempo de desligamento das cargas. Destaca-se a atualização dos corredores do tronco de 765 kV de Itaipu, corredores de recomposição das áreas São Paulo e área Rio de Janeiro, além de novos corredores da região Sul. Todas as atualizações valeram-se das lições obtidas após o distúrbio de 10/11/2009.
Também devem ser destacadas as ações para atender às situações de contingência, com saídas intempestivas de equipamentos, que requerem uma perfeita coordenação das manobras e intervenções na rede de transmissão e remanejamento de geração, para garantir a continuidade do suprimento nessas condições.