De um total de 269 estações fluviométricas com dados disponíveis, foram pré-selecionadas inicialmente 102 estações fluviométricas de interesse deste estudo. Após um refinamento da pré-seleção de estações fluviométricas, baseado na representatividade das estações (localização na bacia, extensão dos registros e qualidade dos dados até então recebidos e analisados), foi definido um conjunto de 54 estações fluviométricas principais, apresentadas na Tabela 8.3, que constituiu a base de dados fluviométricos submetidos à análise de consistência para serem utilizados na reconstituição das séries de vazões naturais nos locais dos aproveitamentos hidrelétricos.
Em algumas estações, as divergências entre os cotagramas ocorriam esporadicamente e, aparentemente, surgiram em função de erros nas leituras de régua. Em alguns casos, não foi possível solucionar essas inconsistências, o que, no entanto, não chega a comprometer a qualidade geral desses postos, conforme descritos a seguir:
Cachoeira dos Óculos-Montante (56539000), quando analisado em conjunto com Fazenda Cachoeira D'Antas (56425000) e Raul Soares-Montante (56484998) ou Instituto Florestal Raul Soares (56510000).
Cenibra (56719998), quando analisado em conjunto com Mario de Carvalho (56696000) e Cachoeira dos Óculos-Montante (56539000).
Fazenda Ouro Fino (56776500), quando analisado em conjunto com Ferros (56775000).
Porto Santa Rita (56846000), quando analisado em conjunto com Fazenda Corrente (56845000).
Governador Valadares (56850000), quando analisado em conjunto com Cenibra (56719998), Naque Velho (56825000) e Porto Santa Rita (56846000).
Tumiritinga (56920000), quando analisado em conjunto com Governador Valadares (56850000), Vila Matias-Montante (56891900) e Jampruca (56915500).
Em outras estações, durante os estudos realizados, verificou-se um número maior de inconsistências que não puderam ser corrigidas, o que pode levar ao comprometimento dos dados dessas estações. São elas:
Resplendor (56948000) ou Resplendor-Jusante (56948005), quando analisadas com Tumiritinga (56920000), Dom Cavati (56935000) e Barra do Cuieté (56940000) ou Barra do Cuieté-Jusante (56940002);
Colatina (56994500) ou Colatina-Jusante (56994502), quando analisadas com Resplendor (56948000), Resplendor-Jusante (56948005), São Sebastião da Encruzilhada (56990000) e Baixo Guandu (56992000).
Foram identificados alguns casos em que as inconsistências ocorrem em um pequeno período de operação em comum dos postos analisados, isto é, enquanto uma estação estava entrando em operação, a outra estava sendo desativada, tendo sido observadas durante as seguintes análises:
Cachoeira dos Óculos-Montante (56539000), quando analisado com Ponte do Peres (56430000) e Raul Soares (56485000);
Cachoeira dos Óculos (56540001), quando analisado com Ponte do Peres (56430000) e Raul Soares (56485000);
Cachoeira Escura (56720000), quando analisado com Acesita (56695000) e Cachoeira dos Óculos-Montante (56539000);
Governador Valadares (56850000), quando analisado com Cachoeira Escura (56720000), Naque Velho (56825000) e Porto Santa Rita (56846000).
De uma maneira geral, a qualidade das medições de descarga recebidas para a maioria dos postos é boa. Apenas os ajustes realizados para as estações Fazenda Paraíso (56240000), Rio Piracicaba (56610000), Ferros (56775000), Barra do Cuieté (56940000) e Colatina (56994500) exigiram que uma maior quantidade de medições fosse desprezada, o que, no entanto, não chegou a comprometer a qualidade dos dados desses postos.
No caso específico da definição e ajuste das curvas-chave da estação Baixo Guandu (56992000), observou-se que as medições de descarga apresentam grande dispersão, o que indicaria a existência de 24 curvas para períodos de validade diferentes. Além disso, foi realizada uma maior quantidade de descartes de medições recebidas, quando comparada com os outros postos. Essa condição provavelmente é consequência de uma calha fluvial com fundo móvel.
Para algumas estações, foram disponibilizadas curvas-chave ajustadas pelas entidades responsáveis pela estação e, também, pela ANA ou ANEEL, apresentando ligeiras diferenças apenas no ramo extrapolado. Nesses casos, foi realizada uma avaliação da qualidade do ajuste das curvas recebidas, optando-se pela que apresentasse melhor ajuste. Caso ambas mostrassem bons ajustes, foi dada preferência àquela curva ajustada pela entidade responsável pela estação.
Algumas vezes, as curvas fornecidas por essas entidades só cobriam uma parte do período de operação do posto, tendo sido ajustadas novas curvas para os outros períodos. A seguir, são descritos os motivos que justificaram novos ajustes:
Em Ponte Nova (56110000), o ajuste fornecido pela ANA não considerou as medições realizadas anteriormente a 05/06/1938. Por isso, para essas medições, foram ajustadas duas novas curvas.
Em Ponte Nova-Jusante (56110005), optou-se por modificar o ajuste recebido da ANA, de tal forma que as duas curvas do posto tivessem a mesma extrapolação.
Em Fazenda Paraíso (56240000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Acaiaca (56335000), a partir da análise das medições de descarga, considerou-se conveniente unificar o período entre 23/09/1940 e 12/02/1967, que possuía três ajustes diferenciados. Dessa forma, para esse período, foi adotada apenas uma curva-chave.
Em Fazenda Ocidente (56337000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Ponte do Peres (56430000), durante a realização da consistência de séries de vazões médias mensais, verificou-se a necessidade da realização de um ajuste que melhor se adequasse às medições de descarga e, por consequência, diminuísse as vazões no local do posto, com relação àquelas geradas pela curva-chave da ANA.
Em Raul Soares (56485000), considerou-se adequada a divisão do período entre 27/05/1936 e 27/12/1956 em dois. Sendo assim, foram adotadas duas curvas-chave, uma para o período entre 27/05/1936 e 14/12/1944 e outra para 15/12/1944 a 27/12/1956. Os demais períodos tiveram suas curvas mantidas.
Em Cachoeira dos Óculos (56540001), optou-se por realizar um novo ajuste, pois o disponibilizado pela ANA fornecia vazões muito altas no trecho extrapolado, não condizendo com os gráficos cota x área e cota x velocidade.
Em Rio Piracicaba (56610000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Carrapato-Brumal (56640000), o ajuste da ANA foi alterado, pois as extrapolações das curvas, para períodos diversos, eram divergentes. Além disso, a partir da análise das medições de descarga disponibilizadas, optou-se por reduzir o número de curvas e períodos fornecidos.
Em Nova Era IV (56659998), adotou-se um novo ajuste, pois o disponibilizado pela ANA fornecia vazões muito altas no trecho extrapolado, não condizendo com os gráficos cota x área e cota x velocidade.
Em Nova Era (56660000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Cenibra (56719998), o ajuste da ANA descartou todas as medições altas realizadas no local, o que foi considerado inconveniente. Com relação às curvas ajustadas pelo agente de geração, elas se mostraram divergentes quando observadas em conjunto, visto que possuem uma tendência de separação em seus trechos extrapolados. Por isso, optou-se por realizar um novo ajuste.
Em Cachoeira Escura (56720000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Ferros (56775000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Fazenda Ouro Fino (56776500), o ajuste fornecido pela ANA não contempla as medições do período anterior a 1º/06/1976. Por isso, foram adicionados mais uma curva-chave e mais um período ao ajuste da ANA.
Em Cachoeira Dona Rita (56780001), o ajuste fornecido pela ANA não contempla as medições de descarga mais antigas. Foram ajustadas, então, duas curvas paralelas à curva fornecida pela ANA.
Em Fazenda Barraca (56787000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Senhora do Porto (56800000), para o período entre 1º/10/1999 e 31/12/2005, a qualidade do ajuste da ANA foi considerada insatisfatória. Sendo assim, foi ajustada uma nova curva-chave para esse período. Para os outros períodos, foram mantidas as curvas da ANA.
Em Fazenda Meloso (56810000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Naque Velho (56825000), as curvas fornecidas, além de se mostrarem divergentes quando observadas em conjunto, apresentam equações com expoentes elevados e um número excessivo de períodos de validade. Com o objetivo de solucionar esses problemas, optou-se pela realização de um novo ajuste. Além disso, vale ressaltar que, durante os estudos de metodologia, foi necessária a alteração dos períodos de validade das curvas-chave ajustadas, de forma a melhorar a consistência desse posto com os outros da bacia.
Em São Pedro do Suaçuí (56860000), foi realizado um novo ajuste, de tal forma que as extrapolações de todas as curvas válidas no posto passassem a convergir.
Em Fazenda Urupuca (56880000), foi realizado um novo ajuste, de tal forma que a extrapolação da curva válida para o período entre 16/05/1968 e 11/11/1971 passasse a convergir com as outras.
Em Vila Matias-Montante (56891900), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos. As duas curvas-chave adotadas são aquelas que melhor se adaptam às medições de descarga dentre as seis fornecidas pela ANA.
Em Vila Matias (56892000), foi realizado um novo ajuste, de tal forma que as extrapolações de todas as curvas válidas no posto passassem a convergir.
Em Jampruca (56915500), optou-se por abandonar a curva-chave da ANA, adotando um novo ajuste que possui extrapolações mais condizentes com o comportamento do rio Itambacuri no local da estação.
Em Tumiritinga (56920000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Dom Cavati (56935000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Resplendor (56948000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Resplendor-Jusante (56948005), o ajuste da ANA descartou todas as medições altas realizadas no local, o que foi considerado inconveniente. Optou-se, então, pela realização de um novo ajuste. Além disso, as medições, que estavam agrupadas em dois períodos distintos, foram agrupadas em apenas um período, com uma curva.
Em São Sebastião da Encruzilhada (56990000), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave adotada pela ANA devido ao excesso de curvas para os períodos fornecidos.
Em Baixo Guandu (56992000), o ajuste da ANA possui 48 períodos. Na tentativa de reduzir esse número de períodos, foi realizado um novo ajuste que, no entanto, ainda possui nove curvas divididas em 16 períodos.
Em Colatina (56994500), considerou-se conveniente a modificação da curva-chave fornecida pela ANA devido ao excesso de curvas e períodos.
Em Colatina-Jusante (56994502), considerou-se que as curvas recebidas não se ajustam bem às medições de descarga. Foi então realizado o ajuste de duas novas curvas, de tal forma que as mesmas passem pelas medições correspondentes ao local do posto.
Durante a reconstituição das séries de vazões naturais na bacia do rio Doce, a única alteração necessária, relativa às curvas-chave definidas durante reunião realizada no ONS, que contou com a participação da Comissão de Acompanhamento do Projeto, foi para o posto de Naque Velho (56825000). A curva válida para o período entre 04/12/1980 e 13/01/1992 teve seu prazo estendido para 02/04/1994. Por consequência, a curva válida para o período seguinte também teve seu período de validade alterado, passando a ser válida desde 14/01/1992.
O quadro resumo das Curvas-chave, apresentado no Anexo 6, contém, para as estações fluviométricas da bacia do rio Doce consideradas principais para o estudo, informações sobre os ajustes e respectivos períodos de validade.
No mesmo anexo, encontram-se, ainda, figuras ilustrativas das curvas-chave estabelecidas, que foram extraídas dos arquivos digitais em Excel, elaborados por estação.
A maioria dos problemas identificados nos fluviogramas estão diretamente associados aos problemas encontrados nos cotagramas.
Outras inconsistências encontradas, sobretudo em nível diário, podem ser explicadas pelos efeitos de propagação das vazões entre duas ou mais estações.
Nos casos de inconsistências persistentes por longos períodos observadas entre fluviogramas de estações próximas, buscou-se rever as curvas-chave dos postos.
Na comparação conjunta do fluviograma da estação Resplendor (56948000), ou Resplendor-Jusante (56948005), com fluviogramas de estações vizinhas, como Tumiritinga (56920000) e Barra do Cuieté (56940000), ou Barra do Cuieté-Jusante (56940002), foram observadas inconsistências, mesmo em nível mensal, que não puderam ser resolvidas por mudanças nas curvas-chave.
Essa situação também foi observada na análise conjunta dos postos Colatina (56994500), ou Colatina-Jusante (56994502), com Resplendor (56948000), ou Resplendor-Jusante (56948005), São Sebastião da Encruzilhada (56990000) e Baixo Guandu (56992000).