A evaporação líquida é obtida pela diferença entre a evaporação real do reservatório e a evapotranspiração real da área do reservatório antes da sua implantação. Para a estimativa dessa evaporação líquida, utilizou-se a metodologia adotada no Sistema SisEvapo, exceto para os aproveitamentos do semiárido nordestino, para os quais a evaporação real do lago foi obtida a partir dos dados coletados em tanque evaporimétrico, e a evapotranspiração real na área do reservatório foi estimada pelo método do balanço hídrico.
Mais detalhes sobre os dados e informações utilizados nos estudos, bem como o detalhamento da metodologia adotada podem ser consultados em ONS (2004b).
Estimativa a partir do Sistema SisEvapo
O cálculo da evaporação líquida pelo Sistema de Avaliação da Evaporação Líquida dos Reservatórios do Sistema Interligado Nacional – SisEvapo, desenvolvido pelo CEHPAR – Centro de Hidráulica e Hidrologia Prof. Parigot de Souza – para o ONS, é realizado por meio das seguintes atividades:
Obtenção, a partir de técnicas de regionalização, de estimativas regionais das grandezas temperatura média mensal, umidade relativa média mensal, número de horas de insolação mensal e precipitação anual nos locais dos aproveitamentos hidroelétricos, que são obtidas a partir dos dados fornecidos pelo usuário ou a partir dos dados das Normais Climatológicas;
Determinação da evapotranspiração real e potencial, usando o modelo CRAE – Complementary Relationship Areal Evapotranspiration, e da evaporação de lago e potencial, usando o modelo CRLE – Complementary Relationship Lake Evaporation (MORTON, 1983a; MORTON, 1983b). A evaporação líquida é obtida pela diferença entre a evaporação de lago e a evapotranspiração real calculada.
Estimativa da evaporação a partir de tanque evaporimétrico
Os evaporímetros são instrumentos que possibilitam uma medida direta do poder evaporativo da atmosfera e estão sujeitos aos efeitos de radiação, temperatura, vento e umidade. Dentre os mais conhecidos, destacam-se os tanques de evaporação.
O mais usado, em nível mundial, é o tanque classe A, que tem forma circular com um diâmetro de 121cm e profundidade de 25,5cm. A taxa de evaporação é resultado das variações de nível da água no tanque, levando, em consideração, a precipitação ocorrida.
Os valores da evaporação medida em tanques superam os obtidos em lagos e/ou reservatórios, devido às diferenças de volume, superfície e localização e também pelo fato de o lago/reservatório depender da variação do transporte de massas e do balanço de energia, que influenciam os dias subsequentes, enquanto que, no tanque, isto não ocorre. O fator que relaciona a evaporação de um reservatório e do tanque classe A oscila entre 0,6 e 0,8, sendo 0,7 o valor mais utilizado.
Estimativa de evapotranspiração por balanço hídrico
O balanço hídrico de uma bacia possibilita o cálculo da evapotranspiração com base na equação da continuidade, sendo normalmente elaborado para intervalos de tempo superiores a uma semana, devido à falta de medição de todas as variáveis envolvidas. Os dados geralmente disponíveis são a precipitação e a vazão. A equação da continuidade pode ser adaptada para uma bacia, resultando em:
Vt = Vo + (P - Q - ETP) ∆t
Na qual:
Vt e Vo = armazenamento total de umidade na bacia no final e início do intervalo de tempo ∆t;
P, Q e ETP = precipitação, vazão e evapotranspiração no período, respectivamente.
Esse balanço apresenta uma simplificação se considerarmos todos os processos que envolvem o escoamento na bacia. Para um intervalo de tempo suficientemente grande, o erro cometido no termo armazenamento é pequeno se comparado com a precipitação, vazão e evapotranspiração.