As séries de rendimentos das usinas de Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão e Nova Avanhandava indicam que, após janeiro de 1993, o procedimento de cálculo dos parâmetros operacionais nessas usinas foi alterado. Essa alteração teve, como premissa básica, a fixação do valor do rendimento para cada usina, obtendo-se a vazão turbinada a partir da energia gerada e da diferença dos níveis do reservatório e de jusante. Com base na informação da vazão defluente, a vazão vertida é calculada por diferença em relação à vazão turbinada. O mencionado procedimento de cálculo é inadequado e gera inconsistências, principalmente nas vazões vertidas, que apresentam diversos valores de pequena magnitude e até mesmo valores negativos.
A análise da diferença entre as vazões afluentes e defluentes médias diárias e a variação do volume dos reservatórios de Bariri, Ibitinga e Promissão revelou a utilização de duas curvas cota x volume em cada reservatório. Uma vez que não foi confirmado esse procedimento pela AES, foram utilizadas as curvas cota x volume fornecidas pelo agente para a determinação da série de vazões afluentes médias diárias.
As séries de vazões afluentes médias diárias fornecidas para Barra Bonita, Bariri e Promissão apresentaram valores negativos que foram corrigidos ao longo do processo de consistência.
A análise de consistência do reservatório de Ponte Nova revelou as seguintes particularidades:
A grande capacidade de regularização do reservatório em relação às vazões efetivamente afluentes ao aproveitamento resulta na defasagem das médias móveis de 12 meses das vazões afluentes e defluentes. Essa defasagem indica a característica plurianual da regularização propiciada pelo reservatório;
Em 17 e 18/04/1980, foi constatada a ocorrência de nível que excedeu o nível máximo normal em 52cm;
A série de vazões afluentes fornecidas continha vários valores de vazões afluentes negativas, indicando inconsistência;
As séries de dados operacionais não incluem o período de enchimento do reservatório e
As vazões afluentes de Ponte Nova incluem as vazões aduzidas ao Sistema Rio Claro, cuja captação situa-se a montante, bem como a transposição da bacia do rio Guaratuba.
Não está disponível a série de vazões transpostas da bacia do rio Guaratuba. O DAEE-SP informou que essa vazão é da ordem de 0,4m3/s, desde o início da operação. No entanto, as informações quanto ao início da operação dessa transposição são contraditórias, razão pela qual se optou por apenas considerá-la para o período com dados operativos do reservatório do aproveitamento de Ponte Nova.
Para o reservatório de Billings, foram fornecidas três curvas cota x volume, correspondendo a períodos distintos, que, segundo a EMAE, devem-se ao assoreamento do reservatório.
A análise de consistência do reservatório de Billings revelou as seguintes particularidades:
A grande capacidade de regularização do reservatório em relação às vazões efetivamente afluentes ao reservatório resulta na defasagem das médias móveis de 12 meses das vazões afluentes e defluentes. Essa defasagem indica a característica plurianual da regularização propiciada pelo reservatório;
A partir de 1949, os vertimentos nesse reservatório foram raros. No período de 1949 a 1956, não ocorreram vertimentos devido ao período hidrológico crítico. No período subsequente, os baixos vertimentos devem-se à entrada em operação da casa de força subterrânea de Henry Borden, aumentando a capacidade de geração e, consequentemente, de captação do reservatório. A partir de 1970, inicia-se o processo de utilização do reservatório para outros usos, como abastecimento público para o Sistema Rio Grande e, mais recentemente, transposição para o reservatório de Guarapiranga. Além disso, a partir da Resolução Conjunta do Governo do Estado de São Paulo, em 1992, as vazões bombeadas em Pedreira foram drasticamente reduzidas, limitando-se ao controle de cheias na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP;
A grande tormenta ocorrida em janeiro de 1976 na bacia do rio Pinheiros, incluindo os afluentes Grande e Guarapiranga, resultou em vazões afluentes próximas a 1.300 m3/s nessa bacia de cerca de 560km2;
As vazões afluentes médias diárias incluem as vazões captadas para o abastecimento dos Sistemas Rio Grande e ABV, esse último ligado ao reservatório de Guarapiranga;
As vazões afluentes médias diárias incluem as vazões oriundas dos bombeamentos na usina Elevatória de Pedreira e
Alta frequência de valores negativos de vazões afluentes médias diárias, fornecidas e consistidas, oriundas do balanço hídrico.
A série de níveis do reservatório de Billings revela que seu nível médio é de 742,76m, e que sua variação média diária é de 3cm. Percebe-se que, em condições médias, a variação de nível do reservatório representa 35m3/s, que correspondem a 2,5 vezes a vazão média de longo termo no local do reservatório de 14,1m3/s.
As vazões naturais médias diárias de Billings foram obtidas subtraindo-se a vazão bombeada na usina Elevatória de Pedreira da vazão afluente média diária. Os resultados obtidos indicam que 20% da série de vazões naturais médias diárias do rio Grande na barragem de Pedreira apresentam valores negativos.
A análise de consistência do reservatório de Guarapiranga revelou as seguintes particularidades:
Em 1936, no período crítico do sistema interligado e em 1964 o reservatório de Guarapiranga atingiu nível abaixo do nível mínimo normal;
Aparentemente, os procedimentos de cálculo do reservatório de Guarapiranga revelam algum problema, identificado pela correlação entre a diferença da vazão afluente e defluente médias diárias e o diferencial diário de volume do reservatório;
O crescente aumento das vazões retiradas do reservatório de Guarapiranga para abastecimento da RMSP pela ETA ABV. As retiradas atuais atingem cerca de 13,5m3/s, que correspondem a 4,5m3/s acima da capacidade de regularização, justificando, sobre esse aspecto, a transposição das águas do reservatório de Billings e do rio Capivari;
Após 1970, diminuíram, significativamente, as vazões vertidas no reservatório de Guarapiranga e
As séries de vazões afluentes médias diárias disponíveis apresentaram diversos valores negativos que foram corrigidos ao longo do processo de consistência.
No mês de maio de 1946, foi verificada uma falha de observação em Guarapiranga. As vazões médias diárias foram preenchidas a partir da modulação da afluência do reservatório de Billings e da vazão média do mês de maio de 1946, obtida do Plano Integrado de Aproveitamento e Controle dos Recursos Hídricos das Bacias Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista, elaborado pelo Consórcio HIDROPLAN para o DAEE em novembro de 1955.
Na análise de consistência dos dados operacionais do reservatório de Guarapiranga, verificou-se uma frequência expressiva de vazões naturais médias diárias com valores negativos, o que levou à complementação das análises de consistência.
A análise de consistência dos dados operacionais do reservatório de Edgard de Souza revelou as seguintes particularidades:
Existiram três fases distintas de operação do reservatório, sendo a primeira até fevereiro de 1954, a segunda até maio de 1989 e a terceira que persistiu até 2001. Na primeira fase, os níveis eram mantidos próximos à cota 712m, quando funcionava como usina hidrelétrica. Na segunda fase, a barragem operava para reversão das águas do sistema Tietê-Pinheiros, visando a geração hidrelétrica em Henry Borden. Na terceira fase, o reservatório era mantido baixo com as comportas permanentemente abertas, sendo que as oscilações são em função das enchentes na RMSP;
As análises de média móvel de 12 meses das vazões afluentes e defluentes médias diárias e da correlação entre a diferença da vazão afluente e defluente médias diárias e o diferencial diário de volume do reservatório revelaram algum problema no processo de cálculo do balanço hídrico ou o não entendimento dos procedimentos adotados pelo agente;
As séries de vazões afluentes médias diárias disponíveis apresentaram diversos valores negativos que foram corrigidos ao longo do processo de consistência e
As vazões turbinadas médias diárias decresceram entre 1931 a 1968, tornando-se nulas após essa data. Coerentemente, a partir dessa data, as vazões vertidas aumentaram gradativamente.
No reservatório de Promissão, no período entre 25/02/1987 a 31/03/1987, foram verificados rendimentos elevados e inconsistentes. Para a consistência, foram adotados dois procedimentos distintos, a saber:
De 25 a 28/02/1987, foi feito um ajuste nas vazões turbinadas, considerando um rendimento médio de 0,90 e
De 1º a 31/03/1987, os valores de energia foram revisados, considerando um rendimento de 0,84. O procedimento de ajuste das vazões turbinadas não foi utilizado, uma vez que resultava em vazões defluentes que superavam as vazões afluentes do reservatório de Nova Avanhandava.
A análise de consistência dos dados operacionais da usina e do reservatório de Três Irmãos revelou que as séries de vazões afluentes médias diárias fornecidas pelo agente apresentaram vários valores negativos, atingindo - 681m3/s, que foram corrigidos ao longo do processo de consistência. Verificou-se que, até 1998, a vazão afluente média diária era calculada sem considerar as vazões do canal de Pereira Barreto, gerando as mencionadas inconsistências.
Na análise das correlações das vazões defluentes de um aproveitamento com as vazões afluentes do aproveitamento imediatamente a jusante, a dispersão maior foi verificada na correlação entre a UHE Nova Avanhandava e a UHE Três Irmãos. Essa ocorrência deve-se, a princípio, à presença do canal de Pereira Barreto cujas vazões são estimadas a partir dos níveis dos reservatórios de Três Irmãos e Ilha Solteira e por modelo matemático simplificado, que assume escoamento em regime permanente.
Especial dificuldade foi encontrada no processo de consistência das vazões afluentes médias diárias do reservatório da UHE Três Irmãos no período de dez/90, abr/91, jul/91, set/91, out/91, jun/92, nov/92 e nov/93. O período de 1º/08/1990 a 29/11/1993 corresponde ao período no qual não foram disponibilizados ou não existem os dados de produção energética da usina e de vazão turbinada.