ONS apresenta nova avaliação das condições de atendimento ao CMSE

Projeções são mais favoráveis do que as apresentadas no início de setembro, mas ainda requerem atenção


O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou na última reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada na terça-feira, dia 5 de outubro, novos estudos que indicam um cenário mais otimista, com o período úmido chegando dentro do prazo normal e a efetivação das ações e decisões tomadas. Embora o cenário esteja melhor, sem risco de racionamento e com disponibilidade energética para o atendimento de potência, a situação hidroenergética ainda é sensível à eventual frustração dos recursos considerados nesta avaliação e as medidas excepcionais que vem sendo gradualmente adotadas serão mantidas.

Pelas projeções, o aumento do volume de chuvas em algumas regiões do País, com destaque para o Sul, já refletiu positivamente nos reservatórios, que chegaram ao final de setembro com índices superiores ao mês de agosto. E, esta tendência, se mantém para o mês de outubro. Com isso, o volume do reservatório equivalente do SIN verificado para setembro teve uma melhora de 2,0 p.p. em relação ao previsto na reunião anterior do CMSE, fechando o mês em 24,1% da energia armazenada máxima.

 

Para o fim de outubro e novembro foram traçados dois cenários. O primeiro (A) considera além de flexibilizações nos níveis mínimos das UHEs Furnas, Mascarenhas de Moraes, na operação do São Francisco e no critério de segurança de transmissão para N-1, uma oferta adicional de 4.800 MWmed. O segundo cenário (B) é igual ao anterior, porém a oferta adicional considerada é de 5.900 MWmed. Em ambas as simulações, os resultados foram melhores do que os apresentados anteriormente.

 

 

 

 Para o balanço de potência, as novas simulações não apontam déficit de potência, porém há a necessidade de utilização parcial da reserva operativa, ou seja, de utilizar parte dos recursos que ficam à disposição do sistema para atender a demanda em casos de falhas em equipamentos ou de desvios de previsão. A situação mais crítica é observada no Caso A, que indica uma necessidade de utilização de 2.140MW da reserva operativa no mês de outubro para aproximadamente 20% dos cenários de disponibilidade eólica e fotovoltaica avaliados.




A melhora dos cenários pode ser atribuída a um conjunto de ações, não apenas a maiores índices pluviométricos. Soma-se a todas as medidas em andamento, a boa adesão ao programa de Resposta Voluntária da Demanda (RVD), que já conta com a oferta de redução de 442MW para setembro, de diferentes setores da indústria, com maior participação do setor de metalurgia e produtos de metal. Para outubro, já há valores aprovados superiores a 600MW.

 

Em termos de Energia Natural Afluente (ENA), ou seja, a quantidade de água que chega em uma usina e que é capaz de ser transformada em energia, pelo estudo atual, houve um aumento de energia no SIN de 10.285 MWmed para o período outubro-novembro, em relação ao cenário traçado anteriormente.

Outra importante indicação levada para o colegiado diz respeito à vazão defluente mínima na usina hidrelétrica de Porto Primavera, de forma a não exceder 3.900 m3/s, valor mínimo para viabilizar o funcionamento da escada de peixes durante a piracema na região. Após o seu término, a recomendação é que a vazão defluente mínima passe a ser de 2.900 m3/s, valor praticado em 2021, a fim de estocar a água nos reservatórios.

Também devem ser mantidos os recursos termelétricos adicionais mobilizados na transição para o período úmido, bem como ao longo de todo este período, observando sempre a capacidade de alocação desses recursos e as restrições operativas vigentes.

 

A melhoria das condições de atendimento eletroenergético é resultado das medidas preventivas que começaram há um ano, mas ainda requer cautela na operação. Ações como a flexibilização das restrições hídricas, gerenciamento da demanda, flexibilização nos critérios de segurança dos limites de transmissão de N-2 para N-1 e a disponibilidade de importação, além da campanha de sensibilização para incentivar a redução de consumo de água e energia; vêm servindo para atravessarmos este período de escassez hídrica com sucesso.