​​

Flexibilização das restrições hidráulicas gerou economia de R$ 27 bi durante a crise hídrica 2020/2021

Metodologia do Valor Agregado permitiu mensurar o valor das ações realizadas pelo ONS

 

A crise hídrica vivida no País durante os anos de 2020 e 2021 trouxe diversos aprendizados para as equipes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que realizaram inúmeros estudos e mobilizaram diversas ações para otimizar o uso dos recursos eletroenergéticos e evitar maiores dificuldades energéticas na operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). O período, que exigiu a implementação de iniciativas excepcionais, contou com a flexibilização de restrições hidráulicas, que gerou economia na ordem de R$ 15,8 bilhões no custo da operação. A redução pode ser somada aos ganhos obtidos com a flexibilizações dos limites de transmissão, que geraram uma economia de R$ 11,1 bilhões, totalizando R$ 26,9 bilhões. Os valores foram calculados dentro da metodologia do Valor Agregado, do Operador, e trazidos neste terceiro artigo da série.

A proposta de flexibilização excepcional das restrições hidráulicas foi necessária devido às afluências dos reservatórios estarem entre as piores do histórico. Estudos prospectivos realizados pelo ONS indicavam que, mesmo com a geração minimizada nas principais usinas do Sistema Interligado Nacional (SIN), seus níveis de armazenamento apresentariam redução acentuada, o que fez com que o Operador propusesse a flexibilização das vazões mínimas de algumas destas hidrelétricas, de forma a estocar uma maior quantidade de água em toda a cascata à montante. Parte desses requisitos, no entanto, estavam atrelados a questões ambientais ou do uso múltiplo das águas, exigindo avaliações aprofundadas, visando reduzir os impactos na implementação destas iniciativas e ampliar a sinergia entre as entidades diretamente envolvidas na gestão do setor elétrico.

Desta forma, foi possível implementar, dentre outras ações de grande importância, a flexibilização das vazões mínimas das usinas de Jupiá e Porto Primavera, Ilha Solteira e Três Irmãos, no Sudeste, além da redução das vazões nas usinas da cascata do rio São Francisco, no Nordeste. Com essas medidas, foi possível preservar em torno de 4,1% da energia armazenada do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra cerca de 70% da água usada pelos reservatórios. Cabe ainda ressaltar que a redução da vazão em determinada usina é apenas o ponto da partida da estratégia, uma vez que, ao reduzir a defluência nos empreendimentos do final da cascata, todas as usinas atrás também podem reduzir a sua defluência e consequentemente levar a ganhos ainda maiores.

Mas você pode se perguntar: se a vazão e a geração foram reduzidas em diversas hidrelétricas nas cascatas onde ocorreram as flexibilizações e a carga se manteve inalterada, como o ONS garantiu o abastecimento? Este é outro lado dos ganhos do conjunto de ações excepcionais implementadas: foi possível elevar a geração térmica e a importação de energia, que não teria como ser utilizada sem essas medidas, mantendo o equilíbrio carga-geração e a maior preservação dos reservatórios que se buscava.

Considerando que essas medidas preservaram os reservatórios para garantir o abastecimento em um momento de escassez ainda mais severo, quando estava se despachando usinas térmicas com CVU de até R$ 2.500 R$/MWh, é possível estimar que esta medida trouxe um benefício da ordem de R$ 15,8 bilhões para os consumidores brasileiros.

Nestes artigos, trouxemos apenas uma pequena parte de todo o trabalho que foi implementado. Ao todo, o ONS, instituições do setor e agentes, mobilizaram 35 linhas de ação de enfrentamento à crise que, juntas, foram imprescindíveis para garantir o abastecimento energético do País. Vale destacar que todas as medidas propostas pelo ONS no CMSE e na CREG só tiveram sucesso pela sinergia entre os agentes de geração, ANEEL, ANA, MME e demais instituições do setor em sua implementação.

A comparação do armazenamento verificado com o cenário hipotético sem a implantação das 35 linhas de ação é apresentada na figura abaixo e evidencia o quanto essas medidas foram importantes para garantir o abastecimento energético do País.

Grafico1.jpg

Esse terceiro artigo sobre o Valor Agregado complementa o artigo anterior, trazendo agora os ganhos obtidos com flexibilização de restrições hidráulicas em alguns aproveitamentos hidrelétricos do SIN, em especial das regiões Sudeste e Nordeste, como forma de propiciar maiores recursos para enfrentamento da crise hídrica de 2020/2021.

Este é mais um resultado significativo de Valor Agregado que está sendo divulgado. Nos próximos artigos, apresentaremos informações referentes a atividades que fazem parte da rotina do ONS, mensurando seus benefícios para o setor elétrico brasileiro. Acompanhe!